O Brasil bateu recorde de desastres naturais em 2023. Foram registrados 1.161 ocorrências, sendo que 716 destas estiveram associadas a eventos hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 de origem geológica, como deslizamentos de terra. Os dados foram divulgados pelo Centro Nacional de Desastres Naturais, na última quarta-feira (17/1).
A maior parte dos alertas emitidos foi enviada para regiões metropolitanas do país, ao Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Segundo o levantamento, Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, lidera o ranking de municípios, tendo recebido 61 alertas, seguido de São Paulo com 56 e Manaus com 49.
“O ano de 2023 foi peculiar em relação ao clima. Em meados do ano, houve uma transição rápida do fenômeno La Niña para o El Niño. Isso ocasionou uma mudança no padrão das chuvas em relação à média histórica. Os índices de chuva registrados em 2023 foram muito superiores no Sul e inferiores no Norte e Nordeste”, explica a diretora do Cemaden, Regina Alvalá.
“A mudança do clima também contribuiu para todo esse processo. O oceano mais quente significa mais vapor de água na atmosfera e, por consequência, provocam chuvas intensas e concentradas”, emenda.
Além disso, também foram apresentados dados sobre os impactos dos eventos climáticos extremos. No ano passado, foram registradas 132 mortes associadas a eventos relacionados a chuvas, 9.263 pessoas feridas ou enfermas e 74 mil desabrigados. No total, 524 mil pessoas ficaram desalojadas. As regiões mais afetadas foram o Sul do país, municípios de regiões metropolitanas das grandes capitais, vale do Maranhão, sudeste do Pará e municípios ribeirinhos do rio Amazonas.
Em termos de danos materiais, o Sistema Integrado de Informações sobre desastres (S2ID), vinculado ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), aponta para mais de R$ 5 bilhões em obras de infraestrutura, instalações públicas e unidade habitacionais. Os prejuízos econômicos informados pelo sistema se aproximam de R$ 25 bilhões, somadas as áreas pública e privada.
Caminhos para evitar tragédias
A diretora do Centro Nacional de Desastres Naturais lembra que o ano de 2023 ficou marcado por dois grandes desastres: os deslizamentos de terra em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, ocorrido em fevereiro; e no Vale do Taquari no Rio Grande do Sul, em setembro, que registrou 53 mortes e segue com cinco pessoas desaparecidas. Essas tragédias estão relacionados com os volumes de chuvas expressivos concentrados em poucas horas.
Para Regina Alvalá, é necessário fortalecer as estruturas das Defesas Civis municipais, assim como elaborar planos de contingência, mapeamento das áreas de riscos atualizados, informações sobre as populações mais vulneráveis (se há idosos, pessoas com deficiências, dificuldades de locomoção ou problemas de saúde, por exemplo).
Fonte: Correio Braziliense
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