Moradores da cidade de Estrela de Alagoas, no Sertão do Estado, surpreenderam-se com registros de redemoinhos e de tornado na zona rural da cidade. Imóveis foram danificados e telhas chegaram a ser deslocadas. O fenômeno ocorreu nesta quinta-feira (22) e, segundo doutor em Ciências Climáticas e professor da Universidade Federal de Alagoas Jório Cabral, esses eventos não são impossíveis de acontecer na região, mas são raros e “muito pontuais”.
“Tornados são caracterizados por ventos ciclônicos que rotacionam em grande velocidade em volta de um centro de baixa pressão que se materializa quando seu funil toca o chão conectando uma nuvem de tempestade ao solo”, explica a Semarh, que acrescenta:
“No caso do município alagoano, o cisalhamento do vento, que é a mudança na direção do vento e um aumento da velocidade com a altura, cria uma tendência de rotação horizontal na baixa atmosfera, essa mudança favorece o aumento da velocidade do vento. Além do cisalhamento do vento, foi possível observar através de imagens de satélite um escoamento de leste com o ar mais quente e úmido e outro de sul com um ar mais frio e seco nas bordas de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN)¹ que está posicionado sobre o oceano, o que tem provocado o aumento da instabilidade sobre o estado de Alagoas, e que favoreceu a formação do tornado”, finalizou o órgão.
De acordo com o professor da Ufal Jório Cabral, as imagens divulgadas pelos moradores mostram, na maioria delas, o fenômeno de redemoinhos. No entanto, em uma delas, diz ele, o vento tem fortes indícios de que se trata de um tornado.
Ele explica que a combinação de aumento de temperatura e da baixa umidade, com a aproximação do período chuvoso, geram um contraste da superfície quente e seca, com o ar que vem do oceano atlântico.
“Estamos no período de verão em que a atmosfera está mais aquecida, mas também no período de transição, entre o seco e o chuvoso. A estação chuvosa inicia em abril e essa característica gera uma condição de superfície mais quente e mais seca. Consequentemente a temperatura aumentou. Isso gera um efeito combinatório de aumento de temperatura, de umidade mais baixa e de um contraste entre a superfície e o ar que vem do oceano atlântico. Esse contraste provocou diferença de pressão, aumentou a velocidade. À medida em que há uma diferença de velocidade e de direção do vento – quando compara a superfície com a altitude – isso gera um efeito de rotação na atmosfera”, explicou Jório Cabral, em entrevista à imprensa.
Fonte: GazetaWeb
Deixe um comentário