O engenheiro civil José Vieira Passos Filho, especialista em drenagem urbana, é o autor do estudo técnico, contratado pela Associação de Moradores dos Loteamentos e Ruas do Entorno do Trevo do Francês, que constatou os impactos ambientais causados pela precariedade do sistema de macrodrenagem e saneamento de águas pluviais na região.
O estudo realizado este ano está anexado à denúncia contra a Prefeitura de Marechal Deodoro, protocolada no dia 19 de setembro pela Associação no Ministério Público de Alagoas. O levantamento apontou que a situação da localidade é similar a ocorrida este ano no Rio Grande do Sul, onde enchentes deixaram milhares de vítimas em todo o estado.
Em conversa com o blog, o especialista destacou que já realizou diversos projetos em Marechal Deodoro e, portanto, conhece bem a região. Ele frisou a urgência para que seja feito um Plano Diretor de Drenagem, lembrando que muitos terrenos estão sendo urbanizados no município, sem estudos precisos.
“Há necessidade desse estudo que a administração municipal não fez. Quem provocou a tragédia no Rio Grande do Sul foi a água da chuva, cuja quantidade que entrou na lagoa foi bem maior do que a que escoou para o mar. Então pode ocorrer algo similar em Marechal se o volume de água que cair lá for bem maior que o que pode escoar para a Lagoa Manguaba”, explicou José Passos, lembrando que a lagoa está assoreando e seu nível, subindo.
Ele alerta também que os novos empreendimentos estão sendo projetados com soluções localizadas, mas é preciso soluções ‘macro’: “Foram feitos espécies de tanques em alguns condomínios que funcionam como lagoas artificiais ou lagoas de acumulação que, agora, estão virando criadouros de mosquitos e, hidraulicamente, não funcionam. A solução é o Plano Diretor de Drenagem”, reforçou.
“A Prefeitura está desapropriando áreas já autorizadas e loteadas para realizar obras de macrodrenagem”, apontou o engenheiro, ressaltando que, futuramente, devido à ausência da drenagem, moradores de algumas áreas tenham que ser indenizados, pois as localidades podem se tornar inabitáveis.
“Será um caos se não forem tomadas providências e o problema se repete em várias áreas do município. É necessário que seja feito com urgência um planejamento para região, para nortear as soluções, criar canais artificiais para escoar a água para a lagoa. Para dar condições a Marechal de acompanhar o desenvolvimento urbano é preciso fazer esse grande projeto. Antes da expansão é preciso esse amplo trabalho de esgotamento sanitário e macrodrenagem”, finalizou Passos.
O blog procurou a Prefeitura de Marechal Deodoro, por meio de sua assessoria de Comunicação, e o espaço segue aberto caso o Município queira se manifestar sobre o assunto.
Fonte: CadaMinuto
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